Transgênicos – O “x” da questão
Por Jacques
A propaganda que se faz hoje em dia em cima dos produtos transgênicos lembra bastante a que se fez com os agrotóxicos (ou herbicidas, ou “defensivos agrícolas”, ou qualquer outro eufemismo que seja usado) e os antibióticos na época em que surgiram; tentam nos passar a ideia de que “soluções mágicas” haviam surgido do nada e acabariam com os problemas rapidinho.
Aconteceu que os agrovenenos causaram muitas mortes, contaminação de cursos d’ água (as águas das Cataratas do Niágara estão cheias de DDT) e sérios desequilíbrios ambientais, enquanto o uso errado dos antibióticos (algo do tipo “Estou me sentindo melhor, vou parar de tomar o remédio!”) provocou o surgimento de superbactérias resistentes a praticamente todos os antibióticos existentes.
Para se criar os produtos transgênicos (ou organismos geneticamente modificados, ou OGMs), retira-se de uma determinada espécie o gene responsável por determinada expressão fenotípica (característica física visível) ou pela produção de alguma substância e implanta-se esse gene em outra espécie totalmente diferente.
Exemplo: pode-se pegar o gene (vamos chamá-lo de “x”) presente na seringueira que é responsável pela produção do látex e introduzi-lo no tomate, para que este se torne mais resistente e não se estrague no empacotamento e no transporte.
É um exemplo idiota, eu sei, mas sempre acreditei que os exemplos idiotas são os melhores, já que levam a situação ao seu extremo.
Acontece que agora não temos mais o tomate que foi fruto de séculos de seleção artificial (onde se plantava apenas as melhores sementes), o que temos é o tomate mais “x” e não temos como saber o que o efeito cumulativo deste “x” provocará em nosso organismo, o que é algo que não pode ser testado em laboratório.
Alguns pesquisadores afirmam que tudo são genes; acontece que tanto o carvão quanto o diamante são constituídos de carbono e poodles e pit bulls são cachorros e a diferença entre eles é enorme. E mortal.
O que acontece hoje em dia é que não temos como saber quais os alimentos que consumimos que sofreram modificação gênica em laboratório, ou seja, além de consumirmos glutamato monossódico, aromatizantes, acidulantes, estabilizantes, anti-humectantes, flavorizantes e mais um monte de porcarias que não fazemos a menor idéia do que são feitos e fingimos que não nos fazem mal algum, ainda temos de lidar com comida mutante.
Outra coisa que pode ser feita usando-se essa tecnologia é criar uma variedade de alguma planta que seja incapaz de absorver um determinado nutriente, a não ser que esta planta seja pulverizada por um determinado herbicida, ou seja, pode-se criar uma planta “viciada”em agrotóxico (que, por coincidência, é produzido pela mesma empresa que criou a planta).
Alguém aí vai berrar que isto não é ético, mas acontece que o capitalismo combina com a ética tanto quanto Ike Turner combinou com Tina Turner.
Acredito que nós humanos devemos aprender com a natureza e não tentar mudá-la, pois isso acaba em tragédia na maioria das vezes.
Além disso, sou contra os OGMs porque eles são criados por empresas que visam apenas o lucro e nada mais, e possuem dinheiro de sobra para manter em seu quadro de funcionários profissionais que tem a função de dizer ao público apenas o que for conveniente aos interesses desta empresa.
E, para piorar a situação, é o Governo o responsável por fiscalizar o uso e aplicação indevida de produtos transgênicos, ou seja, o órgão constituído de pessoas que passam a vida inventando novas maneiras de desviar e esconder o dinheiro dos contribuintes é quem dita o que pode ou não ir parar na nossa mesa.
Acho que só isso já é motivo suficiente para ser contra.
Combater produto transgênico é quase impossível, pois a transgenia pode ser feita até por seleção natural, sem manipulação genética direta. Muito produto pseudo-ecológico já deve ter passado por inúmeras mudanças. O maior exemplo disso é o milho. O milho original, extindo no planeta tinha uma espiga de menos de 10cm e poucos milhos se desenvolviam nela.