As melhores hqs de 2014
Seja pelo fato do cinema estar adaptando vorazmente hqs com mais voracidade do que fã da Beyoncé em site de fofoca ou por simples e bucólica fodasticidade auto-intrínseca, fato é que 2014 foi um ano excelente para os quadrinho, tanto no quesito super-herói quanto nas histórias mais aleatórias do que Ronnie Von jogando AD & D com o Roberto Justus. Vamos a elas:
– Trees, de Warren Ellis e Jason Howard
A primeira hq que li deste genial autor foi o Excalibur nos tempos do Wolverine em formatinho da Abril e simplesmente detestei, achei mais chato que reprise de Grey’s Anatomy em turco; mas desde Autorithy, Planetary e Transmetropolitan tornei-me fã desse cara capaz de ensinar física quântica a um leitor de Crepúsculo.
Trees nos mostra uma visão diferenciada da clássica e overabusada invasão alienígena, onde, como num dia de temporal em São Paulo, árvores gigantescas descem do céu, pousam em lugares aparentemente aleatórios do globo e nada mais fazem além de nos ignorarem como só as árvores e gatos gordos sabem fazer.
Para quem espera ação michaelbayniana desenfreada, pode esquecer, o negócio aqui é roteiro primeiro, tiro-porrada-sangue depois, já que Ellis utiliza o cenário para mostrar problemas político-sociais relevantes e sempre atuais.
DC 2000 – A revista uma década à frente!
Era dessa forma que o gibi em formatinho da Editora Abril DC 2000 (uma homenagem à revista inglesa 2000 A. D) se apresentava, pois, desta maneira pouco sutil, ficava subentendido que a revista mostraria ao leitor a vanguarda da hq.
E foi o que, de certa forma, aconteceu.
O ano era 1990, a inflação comia nosso dinheiro mais rápido do que conseguíamos gastá-lo, os humoristas da tv ainda tinham graça, a ideia que ainda se tinha de hq de super-herói era de que as histórias só seriam boas se tivesse muita pancadaria gratuita, o selo Vertigo ainda nem sonhava em algum dia vir a existir e Watchmen só era conhecida por quem lia gibi MESMO.
O Aquaman de Peter David
Muito já foi dito sobre a… Digamos… “inadaptabilidade contemporânea intrínseca auto-infligida” inerente a Arthur Curry, vulgo Aquaman.
Dizem que ele é anacrônico e sem graça, que só está na ativa porque tem amigos influentes e dizem até que ele bebe direto da garrafa e costuma usar sua telepatia aquática para questionar seus ictio-súditos sobre onde encontrar tesouros no fundo do mar…
Bem… Eu não estou aqui para julgar, mas sim para informar.
Foi nesta divertida fase que Peter David e os ilustradores Jim Calafiore, Martin Egeland, Casey Jones, Gene Gonzalez e Joe St. Pierre mostraram que, a respeito das habilidades sociais deveras restritas de Arthur, ele tinha potencial de sobra para gerar boas histórias.
A primeira coisa que fizeram foi acabar com o visual “surfista burguês chifrado e com cara de nojo” que Aquaman (que aqui descobre seu verdadeiro nome atlante, Orin) tinha há muito tempo; ele apareceu do nada com cabelo comprido, barba e mau humor de viking contrariado.
Transmetropolitan – O futuro distópico de Spider Jerusalém
Por Jacques
Warren Ellis é uma mistura da bizarrice genial de Garth Ennis com a hiperatividade divertida de Grant Morrison.
Pelo menos é essa a impressão que fica ao se ler Transmetropolitan, da Vertigo (remanescente do extinto selo Helix), que narra as insanas histórias de Spider Jerusalém, um jornalista disposto a passar por cima de tudo e todos na busca do que ele chama de “A Verdade”.
Que, no caso, é a verdade mesmo, e não uma versão dela.
Authority – Os super-heróis que você sempre quis ler
Por Jacques
Do ponto de vista filosófico, super-heróis são problemáticos, já que sua principal função é manter o status quo, ou seja, preservar a ordem social e todas as suas eternas desigualdades.
O Authority percorre o caminho oposto, assemelhando-se a uma Liga da Justiça que funciona.
Inicialmente pertencente à Wildstorm e atualmente vinculada ao UDC (em alguma das Terras do Novo Multiverso), esta original equipe foi formada após a dissolução do supergrupo Stormwatch, que era uma espécie de cópia (ou homenagem?) da Liga da Justiça.
De gênio e de louco, todo Grant Morrison tem um pouco
Por Jacques
Existem basicamente três tipos de histórias escritas por Grant Morrison: as de super-heróis normais (que todo mundo entende), as que misturam super-heróis com viagens psicodélicas (que quase todo mundo entende) e as viajandonas (que só ele entende).
Acho que é por somar esses diferentes estilos de escrita a uma imaginação sem limites mensuráveis que Grant Morrison é hoje um dos roteiristas preferidos dos fãs de hqs.
“Nossa estupidez transformou o mundo numa granada! Nossa ganância puxou o pino!”
Por Jacques
Surrupiei o título deste post do gibi DC 2000 26, da história “O demônio e o mar profundo”, onde o ainda não tão conhecido escocês doidão Grant Morrisson interrompia a história principal de Buddy Baker, o Homem-Animal, para mostrar aos leitores a luta dele ao lado de Delfim e seu amigo ecoterrorista Dane Dorrance para tentar impedir a matança anual de golfinhos e baleias que ocorre nas ilhas Faroe, que é um arquipélago de 18 ilhas pertencente à Dinamarca.
Esta prática, que teve início séculos atrás por necessidade, hoje nada mais é do que uma tradição estúpida e desnecessária.
Últimos comentários